Balneário Camboriú (1º), Itapema (2º) e Itajaí (6º) encabeçam lista divulgada pelo FipeZap. Explosão imobiliária aliada a fatores como altos índices de qualidade de vida valorizam metro quadrado na região.
Das seis cidades com o maior preço médio para venda de imóveis no Brasil, três estão no Litoral Norte de Santa Catarina, segundo o índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgado no início de janeiro, com os dados consolidados de 2023.
🏢 O balanço anual tem como representantes da região Balneário Camboriú
(1º lugar), Itapema (2º) e Ihttps://www.apimoveisbc.com.br/tajaí (6º). Além de cidades turísticas, conhecidas pelas praias e prédios gigantes, são polos economicamente importantes para o estado, com portos e aeroportos próximos que garantem logística para a alta circulação de pessoas e mercadorias.
Esses e outros fatores, como o esgotamento do espaço físico em Balneário Camboriú, apelidada de “Dubai brasileira” por causa dos arranha-céus com vista para o mar, que chamaram a atenção de compradores como Neymar e Cristiano Ronaldo, fazem o Litoral Norte ser visado pelo setor imobiliário, segundo especialistas (entenda mais abaixo).
O que dizem os especialistas
O professor de gestão financeira da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Crisanto Soares Ribeiro acredita que investidores de todo o país são atraídos à região pela proximidade dos imóveis às praias, pelos indicadores positivos em educação e saúde, além de investimentos públicos e privados em infraestrutura turística e logística.
Balneário Camboriú, por exemplo, apresenta 98,7% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, liderando entre os 295 municípios do estado, segundo o IBGE.
Itapema (41º) e Itajaí (27º) ficam atrás, com a 86,6% e 88,6%, respectivamente, embora ainda estejam em posições melhores que a maior parte dos municípios catarinenses.
Já Itajaí se destaca por ter o maior Produto Interno Bruto (PIB) catarinense, e um dos maiores do país. Em 2023, a cidade tomou o posto de Joinville como a mais rica do estado.
“Cabe destacar que, com o esgotamento das áreas de construção disponíveis em Balneário Camboriú e Itapema, tem se percebido uma expansão imobiliária para municipios próximos, como Itajaí, com destaque para Praia Brava, e Porto Belo, com destaque para a região do Perequê”, destacou.
Embora não esteja na lista da Fipe, Porto Belo, que tem 27,6 mil habitantes, fechou 2023 como a segunda cidade brasileira em números de vendas de imóveis, com 1.919 unidades comercializadas, conforme levantamento da plataforma DWV.
Mais e mais construções
A historiadora Mariana Schlickmann lembra que Balneário Camboriú começou a crescer sobretudo por causa do turismo e foi ele um dos responsáveis por impulsionar o crescimento imobiliário.
Décadas atrás, segundo ela, predominavam os visitantes que passavam o verão inteiro na cidade.
“Creio que era mais seguro e prático manter um apartamento para veranear do que uma casa, então, assim, os pequenos prédios foram caindo no gosto popular, e com isso dando um gás para as construtoras”, explica.
Ela explica que, a partir do aumento, construtoras passaram a investir na região, “inflacionaram demais os preços” e criaram uma “bolha imobiliária”, que se espalhou pelas cidades próximas, por falta de espaço no município.
Com apenas 46,8 km², Balneário Camboriú é o segundo menor município de Santa Catarina em extensão territorial, embora seja o 12º em população. A cidade fica atrás apenas de Bombinhas, na mesma região, que possui 35,143 km².
Schlickmann acredita que as construções dos prédios altos devem continuar e, com isso, deve faltar espaço em outros locais da região em breve.
“O que a gente vê é um movimento de extensão, de se estender para a Praia dos Amores, Praia Brava [na vizinha Itajaí], com um monte de casas históricas vindo abaixo para dar lugar a prédios, aumentando o preço da moradia em Itajaí, Navegantes e Itapema. Ao mesmo tempo que se esgota Balneário Camboriú, [a expansão dos prédios] está indo para outras cidades”, afirmou.
Valorização
Em outro recorte do FipeZap, Itapema foi o segundo município onde o preço do metro quadrado mais valorizou no país nos últimos 12 meses, com aumento de 19,52%.
O FipeZap acompanha a variação do preço médio de apartamentos prontos em 50 cidades brasileiras, com base em anúncios veiculados na Internet.
‘Dubai brasileira’
Balneário Camboriú aparece como líder na lista. A cidade começou a ser conhecida pelo apelido de “Dubai brasileira” por causa projetos arquitetônicos luxuosos e altura dos prédios. O município tem sete dos 10 arranha-céus residenciais mais altos do país.
Mas outras construções também são visadas por investidores. Em 2023, uma kitnet com 18 m² de área útil viralizou na web por custar R$ 1,6 milhão.
Em entrevista ao g1 SC na época, o criador de conteúdo especializado em Construção Civil Jeferson Cherobin disse que a localização privilegiada na Avenida Atlântica, de frente para a Praia Central, explica o valor do imóvel. Com o mercado imobiliário em alta, segundo ele, há muitas construtoras interessadas em comprar empreendimentos antigos na cidade. Com isso, os valores das propriedades sobem.
“É muito comum acontecer aqui Balneário Camboriú a compra de prédios velhos para serem demolidos e, depois, dar lugar a prédios novos e mais altos. Hoje, o Plano Diretor permite construir muito mais alto do que permitia há 50 anos, quando esse prédio foi construído”, explica.